quarta-feira, 17 de julho de 2013
sábado, 13 de julho de 2013
PQPari de Pascal
Se o Deus
cristão não existir, os crentes lamentarão pelo tempo dedicado às coisas
sagradas. Para eles a perda iria variar por quanto investimento sacro fora
dispensado em suas ações; os descrentes ganharão apenas o tempo que lhe não dispensaram
durante a vida. O ganho iria variar de acordo com o desdém exibido.
Se Deus existir, o
crente ganha infinitamente; o descrente passa a depender da benevolência divina
para não arder eternamente no inferno. Nesse caso, agir honestamente conforme
os preceitos cristãos não é muito diferente de fingir estar agindo conforme, pois
a seta da Graça é inescrutável e unidirecional, de lá para cá.
Segundo
Pascal, esse modo de agir e pensar, quando transformado em regra
normativa, resulta numa espécie de pagamento antecipado da aposta, p. ex.,
quando o costume do bem fazer acaba transformando-se em altruísmo.
Eu penso se devo
ajudar um ceguinho a atravessar a rua. Posso imaginar que não ajudá-lo seria de
grande utilidade para ele aprender a atravessar as outras inúmeras ruas que vislumbrará
na vida; posso imaginar que o sem-visão pode tentar atravessá-la com suas
próprias incapacidades e... morrer. Para Pascal, o importante não é o que eu
penso, mas a conformidade da ação aos preceitos comunitariamente aceitos, neste
caso, não matar etc. O que significa
o mesmo: agir como se sua ação não o fizesse sentir culpa pela morte de outrem.
O importante é agir racionalmente conforme tais exigências, mesmo que no fundo
eu esteja imaginando que Deus recompensará meu time caso eu ajude tal cegueta.
Agir como se Deus
existisse significa agir conforme uma regra justificada racionalmente, um tipo
de justificativa ideal, compartilhada e transmitida habitualmente. O que
atribui significado à justificativa, nesse caso, é o compartilhamento das
condições coletivas de assertividade nas quais nos inserimos, a saber, um
preceito cristão geral de não matar.
Há quem diga que o
argumento de Pascal é falacioso, que vale apenas num mundo em que Deus, por um
lado, possuísse aquelas qualidades maximais de onipotência, unicidade e
infinitude, e em que as pessoas, por outro, não pudessem escolher uma religião
entre outras ou não pudessem estar sob outra tradição.
Mas essas questões
teológicas insuperáveis aos séculos XVI e XVII, em que o arsenal cético é
utilizado bilateralmente entre as posições opostas, enfraquecem
subitamente as tentativas racionais de justificar a presença de Deus em nossas
vidas ordinárias. Sabendo disso, o general cristão de Pascal atravessa o campo
de sua batalha, da Teologia para uma teoria econômica e probabilística das
decisões, cuja regra mais geral é compatível com a regra mais geral da
ideologia cristã ocidental, aquela sobre morrer e matar.
E o futebol com
isso? quase me esquece dizer, estou certo que meus colegas já sabem: - para os
atleticanos, o futebol é vida e morte, e se me explico através de um clichê é
porque o Clube Atlético Mineiro está no núcleo duro, por assim dizer, de nossa
rede de crenças. Quase não usamos azul e branco. Preferimos um filho gay
a... etc.
Fossem Deus e
outra entidade invocados na Bahia, então o clássico soteropolitano terminaria
sempre empatado. Claro, mas isso é uma questão teológica. Numa teoria precaucionista
pascaliana, a justificativa só pode ser racionalizada após o jogo; antes,
trata-se apenas de uma aposta. E há melhores maneiras de apostar. Em qualquer
jogo de azar, crer ou fingir crer no objeto do azar, embora não leve
necessariamente à vitória, constitui a ação esperada dos actantes, no caso
futebolístico, de torcedores, treinador e jogadores.
Quando o
Atlético sofreu um pênalti no apagar das luzes, o que nos restou além de rezar
torcer existencialmente? E após a defesa de nosso arqueiro, toda reza
torcida nos pareceu tão razoável como uma causa provável.
Quando
precisávamos de um gol mais, e não podíamos tomar nenhum, o que nos restou
senão uma promessa de ir, reiterada por outra de voltar, do Mineirão ao
Independência? E, após o gol, imaginamos que se a promessa envolvesse percorrer
o trajeto descalço, certo seria o terceiro gol.
Isso sem falar
no “Yes, we C.A.M”. Na queda da iluminação do Horto. Na entrada do Bunda...
Se Deus existir, o crente
ganha infinitamente. Se não, ele pouco ou nada perde. Abençoado o time
que tem um treinador que acredita e torcedores que acreditam, de mentirinha ou
não.
Origem 5
Em 13 de junho de 2013 08:25, Felipe Carvalho escreveu:
Doido demais que o papo rendeu! Ótima idéia de fazer um blog também… mas
na verdade eu que comecei com esse papo vou ter de ficar ausente por uns dias,
minha família chega hoje pra me visitar e ficam por 10 dias, vai ser difícil
ter tempo de mandar email… vem meu pai, minha irmã, a esposa do meu pai e o
filho dela, meu pai alugou um carro de 7 lugares pra ficarmos de rolê por aí,
hehehehe, vai ser igual excursão pra ubatuba!
Mas não vamos deixar o papo morrer, que assim que der escrevo novamente.
Aquele abraço!
felipe
Origem 4
On Wednesday, June 12, 2013 at 4:22 PM, Alex Lara Martins wrote:
Guilherme,
penso que Google Galo soa melhor.Galo Google parece uma talagada. Como o
Lélio disse, cansado é quem acorda cedo pra vai bater lage e na hora do almoço
num tem nem um pedaço de carne na marmita. Numa situação normal, de 2 jogos por
semana no brasileiro, eu concordaria. Mas é aceitavel a desculpa de que o que
desgastou os jogadores foi jogar em curitiba com o time quase titular. E o
pior: perdeu. Cuca vacilou demais nessa. Vou registrar o blog então, e deixar a
opção pra todo mundo poder escrever. ... Ah, máscara de cú é rola.
Antônio,
concordo, a solução é difícil de ser realizada, mas é melhor que as
outras (por ordem de eficiência): 2º) contar apenas com o time titular, sem
muita variação tática. 3º) Variar com os reservas, mesmo que estes não sejam
tão bons jogadores. 4º) Mesclar jogadores da base. 5º) Ir na sorte.
Origem do blog 3
Em 12 de junho de 2013 00:28, Guilherme Araujo escreveu:
Legal.
eu, entretanto, so vou ter conhecimento pra dar pequenos palpites.
1) nunca entendi muito bem o argumento do desgaste na temporada. Do que
eles precisam? dormir 3 meses? o sentido no qual o cansaço acumula e mais ou
menos o mesmo pra tudo na vida, não é específico pros jogadores. e eles vivem
disso. Acabou o jogo, eles vão pra casa dormir, jogar video game e comer. No
outro dia talvez tenha treino, mas depois eles vão dormir, comer e jogar video
game de novo. Ao menos não estamos tendo problemas serios de lesoes como ja
tivemos.
2) esse negocio de banco ficar desmotivado pq nao eh titular, entao
sempre vai gerar um time sem banco, pq sempre vai ter um time titular. isso eh
chilique demais ja.
3) achei teoricamente interessante o lance de diversificar tatica, mas
tem aquele ideia de nao mexer em time que ta ganhando. Nao pq o galo ta
ganhando, nem pq ta convencendo nos ultimos jogos, mas eu tenho impressao que
na pratica nao eh nada facil botar os jogadores pra operacionalizarem a
estrategia, isso costuma acontecer com muito tempo e muito treino, quando eles
viciam em obedecer certos comandos, mas ai eh um jogo so. No futebol ideal,
talvez.
4) sobre o tópico "sorte", não sei se eh sorte, mas o que quer
que seja que virou a mesa nos ultimos jogos, definitivamente, nos manteve na
libertadores. O Alex fez o Turing-flow-chart do jogo, errou por segundos o gol
do galo, e disse que Deus está do nosso lado, talvez a melhor solução seja
orar.
5) eu apoio a mascara. muito melhor que balaozinho e foguetinho.. bomba
e mascara do panico.
PS 1: O nosso nome eh Google Galo ou Galo Google?
PS 2: Já que o Felipe aposentou e a discussão ficou tão legal vcs podiam
fazer um blog da nossa torcida, hehe... brincadeira zim. mas o blog seria
legal.
saudações alvinegras
Origem do Blog 2
Em 10 de junho de 2013 14:09, Alex Lara Martins escreveu:
Opa, e ai Felipe blz?
Achei seus comentários pertinentes. Concordo que o que foi planejado,
pelo menos o que a diretoria havia dito ano passado sobre utilizar os reservas
no Mineiro, não foi cumprido. Mas acho que havia sim a intenção de cumprir. Há
dois pontos pouco comentados: primeiro houve um erro inicial de avaliação do
Kalil e do Cuca sobre o elenco. Dizia-se (inclusive a maior parte da imprensa)
no inicio do ano que o time tinha elenco forte com bons reservas e boas opções
da base. Não acho que Leleu, Morais, Araújo, Serginho, Carlos Cesar, Nikão,
Felipe Souto e outros que comeram, comeriam ou comerão banco eternamente
compunham um elenco suficientemente forte. Diante desse erro inicial de
avaliação, o Kalil e o Cuca foram forçados a rever o planejamento. E aqui a
gente tem que elogiar, porque a reavaliação foi muito bem sucedida. Ganhamos o
Mineiro e estamos na semi da Libertadores jogando com o time titular. Ficou
claro na reavaliação do elenco que não adiantaria testar, como você propunha,
aquelas peças de reposição. Os reservas não corresponderam nas poucas chances
que tinham. Acho que mesmo nos treinamentos eles não devem ter correspondido.
Em segundo lugar, como efeito colateral interno de não ter boas peças de
reposição, é que jogadores reservas que teriam em tese potencial para
substituir eventualmente os titulares, como o Alecsandro, o Junior Cesar (pra
mim ele deveria ser titular no lugar do Rick) e mesmo o Guilherme, o Berola e o
Gilberto Silva, podem se sentir desmotivados (como o Berola) e, no
limite, desestabilizar o elenco (como o "empresario" do Guilherme
tentou fazer alguns dias atras para forçar uma saída). Por outro lado, como efeito
colateral externo da reavaliação do elenco é que fica mais difícil a
contratação de jogadores do mesmo nível ou superiores ao do time titular.
Pensemos num ótimo jogador, por exemplo, o Seedorf. Ele seria uma ótima
contratação, mas não sei se ele aceitaria vir pro Galo agora, já que ele sabe
que iria ter que disputar posição.
Acredito que esses dois efeitos colaterais de se ter um time titular
muito bom e reservas meia boca podem ser remediados. Ambos com uma boa dose de
retórica. Internamente, o Cuca e a comissão devem manter motivados os poucos
bons reservas que temos, quais sejam: Josué, Luan, Junior Cesar e
Alecsandro (esse + ou -). Externamente, cabe ao Kalil contratar e convencer
bons jogadores a disputar posição. E ele conseguiu isso apenas com o
Josué, que é reserva atualmente porém melhor que o Donizeti.
Eu concordo totalmente com você quando diz que é preciso ter mais
variações táticas. Não basta fazer dos reservas um espelho sujo dos titulares.
Colocar o Alecsandro pra fazer a função do Jô, o Guilherme a do Ronaldinho, o
Luan a do Bernard. Apesar disso, a gente tem de reconhecer que o Cuca às vezes
faz sim pelo menos uma variação tática com esses bons reservas, quando coloca o
Josué no lugar de um atacante. Acho essa formação interessante e poderia ser
muito mais treinada para quando o time precisasse de mais velocidade no
contra-ataque. Além disso, o Rick fica mais solto para atacar.
Resumindo, os pontos são: precisamos e podemos ter mais variações com o
elenco atual? Sim. Temos bons reservas para ter boas e muitas variações? Não.
não temos uma quantidade suficiente de bons jogadores para ter muitas
variações.
Solução: contratar bons jogadores que não tenham características
semelhantes ao do time titular. Exemplos: um lateral direito que marque melhor,
como o Maicon. Um volante com mais velocidade, como o Arouca. Um meia atacante
que volte na marcação, como o Oscar ou o Jadson.
É isso. Fica pendente a discussão relação à "sorte" e ao
bordão "caiu no Horto".
Abç.
Origem do Blog 1
Em 9 de junho de 2013 22:50, Felipe Carvalho escreveu:
Galo google, dois textos interessantes, e justamente coisas que andava
pensando ultimamente… primeiro, o lance do 'planejamento'. Lembro depois do
término da temporada passada, o Kalil falando que 'reforço era manter a base do
time', e tal, e que o galo ia só contratar algumas peças de reposição e subir
alguns garotos da base. A idéia era usar o time titular na Libertadores, por
exemplo, e botar essas peças no campeonato mineiro e em alguns jogos no início
do brasileiro. Em si a estratégia faz sentido, exceto que não foi isso o
que aconteceu. Durante todo o mineiro e a libertadores o time titular entrou em
campo, causando até lesões no Tardelli e Bernard. De repente, na penultima
rodada do mineiro o Cuca lembra da estratégia e bota o time reserva inteiro em
campo, sem nenhum entrosamento e ritmo de jogo, e claro, não jogamos nada e
perdemos o jogo (contra a Caldense, se não me engano).
E agora já é tarde demais pra isso. Jogadores como Leleu, que até
acredito ter potencial, entram no olho do furacão com o time perdendo, mais uma
vez sem nenhum entrosamento nem ritmo de jogo, e ainda com o nervosismo de
terem subido da base agora, é claro que não vai dar certo… e assim vamos com o
time titular em todos os jogos, quase botando em risco a classificação da
libertadores (galo já estava cansado no Independência contra o Tijuana), e
fazendo essa beleza de início de campeonato que estamos vendo. Não só isso,
como a maioria dessas peças de reposição já foram mandadas embora (Araújo,
Morais…). E agora? O pior de tudo é que talvez o galo não seja campeão
brasileiro por causa disso. Porque como vimos ano passado o brasileiro se
decide por 2 ou 3 pontos, e esses pontos do início vão fazer falta lá na
frente. E logo entramos na copa do Brasil também, e como vai ser? Outra fase
ruim no brasileiro?
Claro, nenhum desses jogadores é craque, mas se o time tivesse treinado
- e testado - essas 'peças de reposição' em jogos do mineiro, por exemplo, o
Cuca talvez saberia como jogar com esses jogadores médios, e o time não seria
tão vulnerável como é quando os titulares principais não estão em campo.
E isso leva ao segundo ponto - o mesmo erro do ano passado está
acontecendo, e não vejo ninguém agindo pra mudar isso. Quer dizer, o Cuca só
sabe jogar de um jeito, com os 4 atacantes/meias fazendo aquele revezamento
maluco que deixa os adversários transtornados. Quando dá certo é lindo e dá
gosto ver o time jogar, mas isso depende essencialmente de ter esses 4
jogadores em campo. Quando algum deles não está presente parece que o Cuca não
tenta mudar em nada a forma de jogar, apenas segura na medalhinha da nossa
senhora e espera pelo melhor, e ficamos contando com "caiu no horto, tá
morto", como se isso funcionasse por si só, como mágica.
Mas não dá simplesmente pra falar "vai lá, Guilherme, faz o papel
do Ronaldinho' ou 'Alecsandro, agora você vai fazer o que o Jô faz em campo',
que obviamente não vai dar certo. Guilherme nunca terá a técnica e a visão de
jogo do Ronaldinho, e Alecsandro nunca terá a força e disposição do Jô. Mas
dada a situação, quando os titulares não estão em campo o time teria que se
adaptar a um outro jeito de jogar, utilizando melhor as características dos
reservas. Mas agora é tarde demais pra isso, que o campeonato já está rolando e
não podemos mais nos dar ao luxo de 'testar' e 'conhecer' novos jeitos de jogar
(mas pra dar um exemplo, quando o Jô não estiver jogando ao invés de contar com
o Alecsandro pra fazer esse papel - o que nunca vai dar certo - uma idéia seria
jogar sem centroavante, com Luan e Berola pelos dois lados e Tardelli
infernizando a vida da defesa adversária pelo meio e ocasionalmente caindo
pelos lados. Hoje contra o Grêmio o time melhorou quando o Berola entrou nessa
função, podia ser algo que dê certo, mas agora, sem tempo de aprimorar essa
tática, vai ser na sorte; vai ter dia que vai funcionar, vai ter dia que não).
O que vocês acham? Seria bacana se a galo google se transformasse também
em um grupo de discussão =)
abraços e até a próxima!
--
Felipe Carvalho
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